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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Teatro




O Teatro é a primeira invenção humana e é aquela que possibilita e promove todas as outras invenções e todas as outras descobertas. O Teatro nasce quando o Ser Humano descobre que pode se observar a si mesmo: ver-se em ações. Descobre que pode ver-se no ato de ver-ver-se em “situação”.

         Ao ver-se, percebe o que é, descobre o que não é, e imagina o que pode vir a ser. Percebe onde está, descobre onde não está e imagina onde pode ir. Cria-se uma tríade: EU observador, EU em situação e o Não-EU, isto é, o OUTRO. O ser humano é o único animal capaz de se observar num ESPELHO IMAGINÁRIO (antes deste, talvez tenha utilizado outro – o espelho dos olhos da mãe ou da superfície das águas – porém pode agora ver-se na imaginação, sem esses auxílios) O Espaço Estético fornece esse Espelho Imaginário.

         Esta é a essência do Teatro: O ser humano que se auto-observa. O Teatro é uma atividade que nada tem haver com edifícios e outras parafernálias. Teatro – ou teatralidade – é aquela capacidade ou propriedade humana que permite que o sujeito se observe a si mesmo, em ação, em atividade. O auto-conhecimento assim adquirido permite-lhe ser Sujeito (aquele que observa) de um outro Sujeito (aquele que age); permite-lhe imaginar variantes ao seu agir, estudar alternativas. O ser humano pode ver-se no ato de ver, de agir, de sentir, de pensar.

       Um gato caça um rato, um leão persegue sua presa, orem nem um nem outro são capazes de se auto-observarem. Quando, porém. Um ser humano caça um bisonte, ele se vê caçando, e é por isso que pode pintar no teto da caverna onde vive, a imagem de um caçador – ele mesmo – no ato de caçar o bisonte. Ele inventa a pintura porque antes inventou o Teatro: viu-se vendo. Aprendeu a ser espectador de si mesmo, embora continuado ator, continuando a atuar. E este Espectador (Spec-Ator) é sujeito e não apenas objeto porque também atua sobre o ator (é o Ator, pode guiá-lo, modificá-lo). Spec-Ator agente sobre o Ator que atua.

      Um passarinho canta, mas não entende nada de música. Cantar é parte de sua atividade animal, - inclui comer, beber, copular – e por isso não varia nunca: um rouxinol não experimentará jamais cantar como uma cotovia, nem um juriti como uma pomba rola. Mas o ser humano é capaz de cantar e ver-se cantando. Por isso pode imitar os animais, pode descobrir variantes do seu cantar, pode compor. Os passarinhos não são compositores, não são se quer intérpretes. Cantam como comem, como bebem, como copulam. Só o Ser Humano (Eu que observo, EU em situação e o Não-EU), porque só ele é capaz de se dicotomizar (ver-se vendo). E como ele se coloca dentro e fora da situação, em ato aqui e ali, em potência, necessita simbolizar essa distância que separa o espaço e que divide o tempo, distância que vai do ser ao poder e do presente ao futuro – necessita simbolizar a potência, criar símbolos que ocupem o espaço daquilo que é, mas não existe, que é possível e poderá vir a existir. Cria, pois, linguagens simbólicas: a pintura, a música, a palavra. Os animais têm acesso a linguagem sinalética (sinais feitos de gritos, sussurros, caras, trajetos). O grito de susto de um macaco africano será perfeitamente captado por um macaco amazônico da mesma raça. Mas a mesma palavra assustada, - cuidado! Pronunciada em português, jamais será entendida por um sueco ou norueguês (estes poderão, no entanto, entender o medo expresso sinaleticamente na face daquele que grita).

Um comentário:

  1. Curti muito seu blog,adoro teatro, me parece que vc vem a SC o ano que vem??moro em Braço do Norte espero conhece-lo pessoalmente...um grande abraço!!!há...tb tenho um blog de baladas antigas,de uma olhada...valeu irmão!!!

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