O Teatro é a primeira invenção humana e é aquela que
possibilita e promove todas as outras invenções e todas as outras descobertas.
O Teatro nasce quando o Ser Humano descobre que pode se observar a si mesmo:
ver-se em ações. Descobre que pode ver-se no ato de ver-ver-se em “situação”.
Ao ver-se,
percebe o que é, descobre o que não é, e imagina o que pode vir a ser. Percebe
onde está, descobre onde não está e imagina onde pode ir. Cria-se uma tríade:
EU observador, EU em situação e o Não-EU, isto é, o OUTRO. O ser humano é o
único animal capaz de se observar num ESPELHO IMAGINÁRIO (antes deste, talvez
tenha utilizado outro – o espelho dos olhos da mãe ou da superfície das águas –
porém pode agora ver-se na imaginação, sem esses auxílios) O Espaço Estético
fornece esse Espelho Imaginário.
Esta é a
essência do Teatro: O ser humano que se auto-observa. O Teatro é uma atividade
que nada tem haver com edifícios e outras parafernálias. Teatro – ou
teatralidade – é aquela capacidade ou propriedade humana que permite que o
sujeito se observe a si mesmo, em ação, em atividade. O auto-conhecimento assim
adquirido permite-lhe ser Sujeito (aquele que observa) de um outro Sujeito
(aquele que age); permite-lhe imaginar variantes ao seu agir, estudar
alternativas. O ser humano pode ver-se no ato de ver, de agir, de sentir, de
pensar.
Um gato caça um
rato, um leão persegue sua presa, orem nem um nem outro são capazes de se
auto-observarem. Quando, porém. Um ser humano caça um bisonte, ele se vê
caçando, e é por isso que pode pintar no teto da caverna onde vive, a imagem de
um caçador – ele mesmo – no ato de caçar o bisonte. Ele inventa a pintura
porque antes inventou o Teatro: viu-se vendo. Aprendeu a ser espectador de si
mesmo, embora continuado ator, continuando a atuar. E este Espectador
(Spec-Ator) é sujeito e não apenas objeto porque também atua sobre o ator (é o
Ator, pode guiá-lo, modificá-lo). Spec-Ator agente sobre o Ator que atua.
Um passarinho
canta, mas não entende nada de música. Cantar é parte de sua atividade animal,
- inclui comer, beber, copular – e por isso não varia nunca: um rouxinol não
experimentará jamais cantar como uma cotovia, nem um juriti como uma pomba
rola. Mas o ser humano é capaz de cantar e ver-se cantando. Por isso pode
imitar os animais, pode descobrir variantes do seu cantar, pode compor. Os
passarinhos não são compositores, não são se quer intérpretes. Cantam como
comem, como bebem, como copulam. Só o Ser Humano (Eu que observo, EU em situação
e o Não-EU), porque só ele é capaz de se dicotomizar (ver-se vendo). E como ele
se coloca dentro e fora da situação, em ato aqui e ali, em potência, necessita
simbolizar essa distância que separa o espaço e que divide o tempo, distância
que vai do ser ao poder e do presente ao futuro – necessita simbolizar a
potência, criar símbolos que ocupem o espaço daquilo que é, mas não existe, que
é possível e poderá vir a existir. Cria, pois, linguagens simbólicas: a
pintura, a música, a palavra. Os animais têm acesso a linguagem sinalética
(sinais feitos de gritos, sussurros, caras, trajetos). O grito de susto de um
macaco africano será perfeitamente captado por um macaco amazônico da mesma
raça. Mas a mesma palavra assustada, - cuidado! Pronunciada em português, jamais
será entendida por um sueco ou norueguês (estes poderão, no entanto, entender o
medo expresso sinaleticamente na face daquele que grita).
Curti muito seu blog,adoro teatro, me parece que vc vem a SC o ano que vem??moro em Braço do Norte espero conhece-lo pessoalmente...um grande abraço!!!há...tb tenho um blog de baladas antigas,de uma olhada...valeu irmão!!!
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