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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Girias de teatro


Os artistas têm uma maneira própria de chamar as coisas e ações que nós usamos e fazemos. Para você ficar por dentro, aqui vai a primeira:
1-      Fala - É cada parte do texto da peça que cabe a cada personagem dizer. Uma fala pode ser só uma frase. Pode  ser um parágrafo, pode ter meia página, uma página inteira, pode ser a peça toda. Neste último caso, a peça é o que se chama monólogo. Geralmente, na primeira vez que um ator lê uma peça, ele lê prestando atenção só nas suas falas. E contando quantas elas são. Por mais inteligente, calmo ou famoso que o ator seja, é difícil ele deixar de sentir que quanto mais falas tiver, melhor é o seu papel. Embora nem sempre isso seja verdade.
2-       Bater texto - Não é um ator pegar o texto da peça ou do roteiro de filme e bater na cabeça do colega. Bater texto é um tomar o texto do outro para ver se as falas foram decoradas.
3-       Caco - Palavra ou frase a mais que os atores dizem durante a apresentação da peça, de improviso, ou seja, inventado na hora. Geralmente isso só acontece em comédias, mas pode acontecer em peças sérias também. Em geral, os diretores e os dramaturgos odeiam esse tipo de coisa, porque não tem como o público saber que não foi o autor que escreveu aquela palavra ou frase e porque é uma forma de desobediência ao diretor. Muitas vezes os colegas que estão em cena, ao ouvirem o caco, têm ataque de riso. Algumas vezes o público também se mata de rir. O chato é quando só os atores acham graça.
4-      Monstro sagrado - Não é monstro, mas é sagrado. É a maneira como os atores chamam o artista que tem bastante tempo de carreira, que ganhou todos os prêmios, que já provou que é muito bom,e de quem ninguém tem coragem de falar mal. Mesmo quando ela ou ele não está bem em uma peça. O que geralmente acontece pouco. O monstro sagrado é apreciado e aplaudido só pelo fato de estar lá, vivo. Para receber esse título, a atriz ou ator precisa ser realmente bom. Os colegas são os mais severos e implacáveis críticos. Outro apelido usado para esse ser intocável é medalhão.
5-       Canastrão - É como os artistas chamam o ator que faz caretas e exagera nos gestos e no modo como diz as falas. O grande desafio do teatro é fazer tudo-aquilo-igual-do-mesmo-jeito-outra-vez como se fosse pela primeira vez. O perigo é o ator, depois de fazer tudo-aquilo-igual-do-mesmo-jeito-outra-vez muitas vezes, começar a fazer como um robô. É preciso também mostrar sentimentos de maneira que até as pessoas que estão na última fileira da platéia possam ver o que você está mostrando. Mas sem fazer caretas e exagerar os gestos e o tom da voz, ou seja, mostrar emoções sem fazer papel ridículo.
6-      Dália - Não tem nada a ver com a flor de mesmo nome. A dálias são folhas grandes de papel onde se escreve com letras grandes o texto que o ator tem que falar na cena. Esse recurso é usado quando o ator precisa dizer muito texto ou está com dificuldade de decorar. Existe uma dália eletrônica, chamada teleprompter, usada por todos os apresentadores de noticiários de televisão. É um tipo de visor que mostra o texto a ser falado, sobre as câmeras.
7-     Bife - Esqueça aquele pedaço de carne frita ou grelhada. Este bife é um pedaço bem grande de texto que um ator tem que dizer numa peça, filme, ou programa de TV. Como os atores em geral são eternamente insatisfeitos com a vida, se a gente tem pouco texto, a gente reclama que tem pouco texto; se tem um ou mais bifes, a gente reclama porque tem muita coisa para decorar e depois manter a atenção do público, etc. Ou seja, quem não tem bife, reclama de fome,; quem tem bife, reclama porque vai ter que mastigar muito.

Um comentário:

  1. Muito bom, estou estudando artes cênicas na USP e até pouco tempo não conhecia muito de gírias usadas pelos artistas, acredito que isso ajude bastante.

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